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5 de julho de 2015

notas

abreviaturas

abrev. – Abreviado de.
BOT. – Termo ou descrição botânica.
cast. – Castelhano.
c.de – Cerca de.
fig.  – Sentido figurado.
GASTR. – Gastronomia.
HIST. – História.
hot.  – Hotentote.
kik.  – Kikongo.
kimb. – Kimbundu.
kwa. – Kwanhama.
mn. – Mesmo nome.
MORF. – Morfologia.
o mq. – O mesmo que.
p.ext. – Por extensão.
SIN. – Sinónimo.
pers. – Persa.
TAX. – Taxinomia.
top. – Topónimo.
trad. – Tradicional.
umb. – Umbundu.
UTIL. – Utilidade.
vd. – Vide, Ver.
vl. SO – várias línguas do SO de Angola.
ZOO. – Termo Zoológico.
notas
1.VAZ, Adélia. “Memórias de memória (A Poesia de um Tempo com tempo)”, Pastelaria Studios, Lisboa, 2015. ISBN 978-989-8796-05-9.

2.LINDO, Admário Costa. “Solaris, o oitavo mar”, Corpos Editora, Porto, 2011.

3.TORRES, Manuel Júlio de Mendonça. “O Distrito de Moçâmedes, das Fases de Origem e da Primeira Organização, 1485-1859”, Câmara Municipal de Moçamedes, Moçamedes, 1974. 2 Volumes, edição fac-similada da edição de 1950. I vol. p. 300-303.

4.RIBAS, Óscar. “Dicionário de Regionalismos Angolanos”. Contemporânea Editora, Matosinhos, 1997.

5.PARREIRA, Adriano. “Economia e Sociedade em Angola na época da rainha Jinga século XVII”, Editorial Estampa, Lisboa, 1990.

6.ESTERMANN, Pde Carlos. 1. “Etnografia do Sudoeste de Angola, volume I, Os Povos Não-Bantos e o Grupo Étnico dos Ambós”. Junta de Investigações do Ultramar, Porto, 1956.
2. “Etnografia do Sudoeste de Angola, volume II, Grupo Étnico Nhaneca-Humbe”. Junta de Investigações do Ultramar, Porto, 1957.
3. “Etnografia do Sudoeste de Angola, volume III, O Grupo Étnico Herero”. Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa, 1961.
4 “Etnografia e Turismo na Região do Cunene Inferior”, Agência-Geral do Ultramar, Lisboa, 1973.


Aduela. || Cada uma das tábuas arqueadas que formam o corpo das pipas e barris. UTIL. É característica, na tradição cultural angolana, nos musseques, a sua utilização para demarcação de terreiros e galinheiros e mesmo em casas de construção definitiva, para cercas de terrenos ajardinados. Servem também de matéria-prima na construção de mobiliário rústico, nomeadamente de cadeiras de baloiço.

Azeite-palma|| Óleo-de-palma, azeite de palma ou óleo de palma: o azeite ou óleo preparado a partir da amêndoa do dendém.

Bangoso. do kimb.|| Elegante, presunçoso, vaidoso, garboso.

Banzado. do kimb.||1. Pensativo. ||2. fig. Admirado, assombrado, espantado, maravilhado.

Banzamento. do kimb. || Pensamento, introspecção, reflexão. Acto ou efeito de banzar(-se), estado de banzado; admiração, assombro, espanto.

Berrida. /è/ n.f. de Berro, ref. à origem da corrida ou fuga. ||1. Corrida, expulsão, fuga precipitada; velocidade. ||2. agarrar uma b., dar b.: Berridar.

Cabinda. do kik. ||1. Província da República de Angola, a N da foz do rio Zaire, com capital na cidade do mn. É um enclave com 7.200 km2, separado do todo territorial por uma pequena faixa com c.de 60 km de largura pertencente à R.D. do Congo, que o poder de Luanda considera parte integrante de Angola, questão contestada por movimentos político-militares e partidos da região, nomeadamente a FLEC – Frente de Libertação do Enclave de Cabinda, que reclamam a independência com base no Tratado de Simulambuco assinado com Portugal. ||2. Cidade, porto e capital da província do mn. ||3. O natural, o habitante ou o que pertence ou se refere a Cabinda. SIN. Cabindense.

Cabo Negro. || Promontório na costa da província do Namibe, município de Tombua, onde Diogo Cão ergueu, em 16 de Janeiro de 1485, o seu terceiro padrão.

Cacunda. do kimb.||1. Corcunda, corcova, giba. ||2. fig. Costas, dorso.

Caluanda. do kimb. || O natural, o habitante ou o que pertence ou se refere a Luanda.

Cambriquito. do umb. || Cobertor ou manta de tecido grosseiro.
Candengada. || Conjunto ou grupo de candengues; criançada, garotada, pequenada, petizada, miudagem.
Candengue. do kimb.|| Criança, miúdo, rapaz; o irmão mais novo.    

Capanga. do kimb.||1. Axila, sovaco. ||2. Golpe de luta em que se passa os braços por entre o sovaco do adversário, por trás, cruzando as mãos no pescoço do outro contendor, impedindo-o de se movimentar; o arco descrito pelo braço dobrado, que se passa à volta do pescoço, naquele golpe. ||3. p.ext. Esbirro; guarda-costas, indivíduo que faz a segurança pessoal de alguém.

Caputu.kimb. e umb.|| Português; o natural ou habitante de Portugal.

Chela. || Serra da província da Huíla, com a altitude de 2.000 m.

Contratado. || Trabalhador em regime de contrato.

Contrato. || Regime de trabalho forçado sob condições miseráveis. Os contratados eram arregimentados principalmente nas zonas rurais, a pretextos os mais variados, desde a falta de pagamento do imposto de cubata até a castigos por desobediência às autoridades administrativas ou mesmo por simples delação de qualquer pessoa mal-intencionada. O contrato foi o moderno sucedâneo “legal” da escravatura. Os contratados eram enviados em levas para as minas da Companhia de Diamantes, roças de café e algodão e para as pescarias do litoral.

Cota. do kimb. || Ancião, patriarca; o mais experiente e sábio.

Cuanza. do kimb. ||1. O maior rio nascido em Angola, com a extensão de 965 km e uma bacia hidrográfica de cerca de 148.000 km2. Nasce junto a Mumbué, na província do Bié, a uma altitude de 1.450 m e desagua no Atlântico, 40 km a S de Luanda. É navegável até ao Dondo, a 200 km da foz. ||2. Províncias de Angola, C. Norte com capital em Dalatando, antiga cidade de Salazar e C. Sul, com capital em Sumbe, antiga Novo Redondo. ||3. vd. Kwanza.

Curoca. de vl. SO. ||1. Rio que nasce na Serra da Chela e desagua perto de Tombua9e que, como todos os da região (província do Namibe, é um curso de água não permanente, beneficiado apenas por sucessivas e fortes enxurradas em anos de boa pluviosidade, durante as quais a corrente se pode manter ininterrupta durante meses, com leito de espessas camadas de areia em que alguma água se conserva todo o ano. ||2. Região que compreende a bacia hidrográfica. ||3. abrev. de Mukuroka. Designação genérica por que são conhecidos os povos que habitam o vale do rio.

Curoquides. || Ninfas do Curoca.

Dendém. do kimb. || BOT. Fruto (drupa) do dendezeiro, laranja-avermelhado quando maduro, composto por uma capa fibrosa (epicarpo), uma noz e uma amêndoa, designada coconote. GASTR. Da amêndoa extrai-se o óleo ou azeite de dendém, muito utilizado em culinária. Pode ser consumido como petisco, cozido ou assado. Em doçaria prepara-se uma iguaria macerando o fruto em açúcar e erva-doce.
    
Dongo. do kimb. || Antigo Reino também chamado Angola. Reino dos Ambundos. Os povos que o constituíram chegaram ao actual território angolano crê-se que no séc. XIV, vindos do centro de África e instalaram-se na Matamba. Eram chefiados por Gola a Jinga e chegaram até ao litoral de Benguela com Gola Kiluanji. Foi, até 1563, tributário do Reino do Kongo. Tinha como capital Banza Kabasa, perto do actual Dondo, e era limitado a N pelo rio Dande e terras de Ambuíla, formando a fronteira com o Reino do Kongo; a S pelos estados Umbundos e Quissama, delimitados geograficamente pelo Planalto do Bié; a E pela região de Cassanje; a SO pela Quissama; e a O pelo Oceano Atlântico. A designação deve-se à  sua configuração. ||2. Piroga. Canoa, estreita e comprida, feita de um tronco único escavado, da mafumeira, destinada à pesca e transporte de pessoas e mercadorias; interior e exteriormente é-lhe aplicada uma camada de alcatrão, para calafetagem e conservação.

Fuba. do kimb. || Farinha, moída ou pilada em grão muito fino, a partir de batata-doce, mandioca, massambala, massango ou milho.

Funje. do kimb. || Pasta de fuba de mandioca. Prepara-se batendo ou amassando a fuba com o guico, em água a ferver, até adquirir uma consistência pegajosa e sedosa. Tradicionalmen-te come-se à mão, fazendo com a massa uma pequena bola que se passa pelo molho e leva à boca e se engole sem mastigar. É acompanhado com caldo de peixe fresco, peixe seco ou muam-ba de carne e legumes. São seus complementos a quizaca e a miengueleca. É a base alimentar das regiões do N de Angola e tem corresp. no pirão de massambala, massango ou milho, do centro e S e no chima do leste. No SO também se confeciona com batata-doce.

Garroa. do cast. Garua, termo que, no Chile, designa um vento forte que sopra do Atacama, acompanhado de chuva miúda. || Vento forte do deserto, acompanhado de nuvens de areia, na costa litoral do Namibe.

Guano. cast. || Termo específico da província do Namibe, com significado diverso do usual: no processo de fabrico de farinha de peixe, designa a massa resultante da primeira trituração mecânica que, nos primórdios da indústria, era posta a secar em grandes eiras; com o avanço da mecanização esta fase do fabrico foi eliminada. O piso das primeiras estradas de Porto Alexandre/Tombua era constituído por esta massa, pisada com cilindro, por ser mais compacta e menos poeirenta do que a terra batida.

Jindungo. do kimb. e umb.|| GASTR. Fruto do jindungueiro, muito ardente e aromático, utilizado no tempero de alimentos e confecção de molhos. Há duas variedades: o j. de cahombo, arredondado, com cheiro a cabra, o menos picante e o j. de calequeta, oblongo, o mais picante.  Malagueta, piripiri.

Jinga. do kimb. || A “Soberana Angolense, irmã de Ngola Mbandi, […] é Njinga e de forma nenhuma Nzinga como, por influência de nomes semelhantes dos Reis do Kongu, se tem grafado e pronunciado. […] O antropónimo em causa existe nos nossos dois idiomas (Kikongu e Kimbundu) onde tem grafia e pronúncia diferentes; a Preclara Soberana […] pertenceu à etnia dos Kimbundus, etnia esta que integra as subetnias dos Ngolas e Njingas, ainda hoje subsistentes (Província de Malanje) e em cujo seio nenhum grupo nem indivíduo se chama a si mesmo Nzinga, mas sim, e como toda a gente pode verificar a todo o tempo, Njinga. [ Ribas pag. 136]4 Jinga Bandi ou Njinga Mbandi, que também se chamou Dª Ana de Sousa, por baptismo cristão, “a rainha do Ndongo e da Matamba, a mais proeminente figura política Mbundu do século XVII, mereceu uma atenção muito particular da parte de alguns autores contemporâneos e de historiadores modernos, que lhe têm dedicado algumas obras, e se esforçam por compreender o comportamento político dessa extraordinária soberana […] a rainha Jinga aparece na História como uma figura quase irreal, com aspectos da sua personalidade extraordinariamente  distorcidos, numa palavra, destituída do contexto em que viveu. Alguns estudiosos, de forma notoriamente sofismática, não têm dúvidas em considerar a rainha Jinga como a «indisputável rainha dos Mbundu», que estabeleceu «largas alianças que congregaram numa causa comum diversos povos de Angola», chegando a reputá-la, ainda com maior exagero, de percursora dos movimentos nacionalistas de libertação.” [Parreira pag. 178]5 Era meia-irmã de Gola Bandi, rei legítimo do Dongo e chefiou a embaixada que assinou, em Luanda, um acordo de paz estratégico com os portugueses. “Com a difícil missão de tentar conciliar os interesses do Ndongo com os dos Portugueses, e encontrar uma solução honrosa e pacífica, Jinga chegou a Luanda em 1622, aparentemente na qualidade de embaixadora de seu irmão.” No entanto, Jinga “partiu então da região de Mbaka e não da ilha de Kindonga, onde Ngola-a-Mbandi estava refugiado”, após a batalha de Ambaca, “pelo que é talvez pertinente admitir a possibilidade de Jinga se ter deslocado por iniciativa própria […] uma oportunidade para a princesa intervir directamente nos assuntos de estado do Ndongo, a cuja soberania estava já muito provavelmente nessa altura interessada […] Na verdade, o comportamento de Jinga em Luanda parece ter sido mais o de uma soberana orgulhosa e lúcida, do que o de embaixadora de um titular exilado e, no que tudo leva a crer, enfraquecido.” [Parreira pag. 185]5 A partir daí foi a mentora da formação de uma coligação com o objectivo de expulsar os portugueses e destronar Ari Kiluanji, um soba colocado no poder pelo exército português contra a vontade popular. Como o irmão estivesse mais interessado na continuação da guerrilha, prejudicando a formação da coligação, diz-se que mandou assassiná-lo e ocupou o trono, sendo aclamada pelo povo que viu nela uma forte e inteligente opositora às forças ocupantes. Em 1635 é formada a II Coligação entre os Estados do Dongo - Matamba, Congo, Kassanje, Dembos e Kissama - sendo Jinga a sua grande mentora. A sua aceitação foi tal que os Jagas da Matamba a proclamaram sua rainha, passando o novo reino a designar-se Reino de Matamba e Dongo. Para impedir que os portugueses fizessem guerras de “Kuata! Kuata!”, Jinga armou os povos do Planalto do Bié, a zona de Maior densidade populacional, ao mesmo tempo que aí recrutava novos soldados para a Coligação. Com um forte exército, a Coligação infligiu enormes derrotas ao exército português. Quando, cerca de 1641, os Holandeses tomaram Luanda, Jinga aliou-se aos novos invasores formando uma frente antiportuguesa e recebeu dos holandeses uma contrapartida em armas. Em 1648 o Brasil, então colónia portuguesa e o maior destinatário dos escravos angolanos, chegou em socorro dos portugueses e uma esquadra, comandada por Salvador Correia de Sá, reconquistou a cidade de Luanda. A derrota dos holandeses e a falta de armas começou a desmoralizar e enfraquecer os Estados da Coligação. Jinga viu-se forçada a nova trégua com os portugueses em 1656. Morreu em 1663.

Jinguba. do kimb.|| BOT. TAX. Plantae, Magnoliopsida, Fabales, Fabaceae, Arachis hypogaea L., sin. A. nambyquarae, Lathyrus esquirolii. MORF. Planta e a sua semente, também conhecida por amendoim. É uma herbácea anual erecta,  que atinge 30cm de a. O tronco é inicialmente piloso, tornando-se glabro com a idade. As folhas são formadas por quatro grandes folíolos ovados, com 1-7 × 0,7-3,2 cm, ligeiramente arredondadas na base, glabras, esparsamente pilosas na página inferior e mucronadas no ápice. As flores são amarelas e reunidas em espiga nas axilas das folhas. Depois de fecundada, a estrutura que envolve o ovário alonga-se e penetra no solo, onde amadurecem os frutos, vagens oblongas com 1-4 sementes. HIST. A jinguba é originária do sul da Bolívia e do noroeste da Argentina. Na época pré-colombiana foi amplamente cultivada no México e na América Central e do Sul. A cultura tradicional já havia produzido vários tipos de jinguba quando os exploradores espanhóis e portugueses introduziram a planta no Novo Mundo. A jinguba é hoje cultivada em quase todo o mundo, em regiões tropicais, subtropicais e temperadas, entre as latitudes 40° N e 40° S. Em toda a África tropical é um importante produto agrícola com grande valor comercial.UTIL. As sementes são comestíveis e delas se extrai um óleo alimentar. É utilizada na alimentação, torrada ou cozida, em variados pratos e em doçaria.

!Khoisan. do hot. || Grupo étnico do SO de Angola, de que fazem parte os povos não-negros-e-não-bantos designados Bochimanes e Hotentotes. São os povos mais antigos, de que se tem conhecimento, que alguma vez ocuparam o território hoje conhecido como Angola. Vivem essencialmente da caça praticada com arco e flechas envenenadas e da recolecção de frutos espontâneos e legumes. Em termos linguísticos, quando se fala na língua destes povos, pensa-se de imediato na particularidade dos sons explosivos, os estalinhos (representados graficamente por sinais diacríticos, como o ponto de exclamação no termo a que esta entrada se refere) que, em termos simplistas, tomam o lugar das consoantes de outras línguas. Nunca tiveram qualquer organização tribal, no sentido estrito da palavra e nunca reconheceram qualquer espécie de governo, antigo ou actual.

Kwanza. do kimb. ||1. o mq. Cuanza.||2. Unidade (Kz) monetária de Angola (AOA nº 973 ISO 4217), instituída em 1976 e posta a circular a 8 de Janeiro de 1977. A fracção Lwei (Lw) correspondende à centésima parte do Kwanza.

Kuata! Kuata! kimb. “Agarra! Agarra!” || Guerras feitas quer pelo exército colonial, quer pelos reinos angolanos mais poderosos, com o intuito de fazerem escravos, no tempo da formação da Colónia de Angola.      

Maca. do kimb. ||1. trad. Assembleia pública ou familiar; conversa decisória; conversação. ||2. p.ext. Altercação, confusão, discussão, problema, sarilho.

Macanha. do kimb. ||1. Tabaco. Tradicionalmente, as folhas, depois de colhidas, são amassadas e enroladas em trança, moldadas em forma de disco (quende) ou em pirâmide cónica (quino), após o que vão a secar ao sol tomando, no fim do processo, um aspeto grosseiro e compacto. É invariavelmente fumada em cachimbo. ||2. p.ext. Liamba.  

Mais-velho. || Ancião, patriarca; o mais experiente e sábio. Cota.

Mangonheiro. do kimb. || Indolente, calaceiro, mandrião, molengão, preguiçoso.

Mujimbar. do kimb. || Espalhar notícias; propalar boatos.

Mukuankala. do kwa. || Designação que os Ambós e outros povos da região dão aos Bochimanes que vivem “entre o paralelo 15 e a fronteira, de um lado, e, do outro entre o rio Cubango e a vertente ocidental do planalto da Huila.” Aplica-se a designação kwankala também ao mestiço oriundo dum cruzamento entre negro e khoisan.[Estermann 1].6

Muleque. do kimb. ||1. Rapaz. ||2. Criado, moço de recados. ||3. fig.  Malandro, preguiçoso, vadio. ||4 Pé-de-m. Doce ou rebuçado de jinguba moída.

Muzongué, muzonguê. do kimb.|| Caldo ou sopa de peixe com óleo de palma. Acompanha-se com mandioca e batata-doce.

Namibe. do hot. ||1. Deserto do sul de Angola que se prolonga pela Namíbia. ||2. Província e anterior designação da cidade capital e do distrito de Moçamedes.   

Pedras Negras. || Conjunto de enormes rochas que, em Pungo Andongo, se erguem abruptamente da planície, distintas pela sua cor negra que provém de determinadas algas filamentosas que se desenvolvem nas águas represadas pelas rochas. Uma das pedras apresenta uma pegada humana que a lenda atribui à Rainha Jinga.  

Pirão.do kimb. ||1. GASTR. Iguaria característica de Luanda. Coze-se, conjuntamente, peixe fresco e seco com batata-doce ou mandioca. A água da cozedura, ainda quente, é temperada com óleo de palma ou azeite de oliveira, cebola e tomate, formando um caldo leve, o muzonguê. Acompanha-se com farinha de mandioca embebida no caldo. Embora o termo se tenha generalizado para o prato em si, é à farinha assim preparada que a designação é devida. ||2. Pasta de fuba de milho, ou de mandioca uma vez que o termo está generalizado, aparecendo como sin. de funje. Por acomodamento, em Angola deve chamar-se funje a massa confeccionada com fuba de mandioca e pirão a confeccionada com fuba de milho e similares. O pirão é característico das regiões do centro e S de Angola, ocupando o mesmo lugar, na dieta alimentar, que o funje no N e o xima no Leste e obedecendo aos mesmos princípios de confecção e similitude no acompanhamento. Iputa é o nome umb. para o pirão.

Porto Alexandre. vd. Tombua.

Pungo-Andongo. do kimb. ||1. Zona turística do município de Cacuso, na província de Malanje, célebre pelas Pedras Negras. ||2. HIST. Em 1671 o exército português atacou Pungo Andongo, último bastião do Reino do Dongo e venceu o rei Ari II, que morreu na batalha. Este episódio marcou o fim da independência daquele Reino e no local foram construídos um forte e um presídio que adquiriu uma fama terrível.

Putu. kimb. || Portugal; Português.

Quimbar.do kimb. ||1. Capataz, caseiro, feitor. ||2. Povo do curso inferior do rio Curoca, de língua Quimbundo, dedicado à agricultura nas fazendas da região. ||3. p.ext. Grupo de pescadores estabelecido na costa da província do Namibe, maioritariamente nas pescarias de Tombua/Porto Alexandre, actualmente fruto de cruzamentos de quimbundos, provavelmente muxiluandas, com outros grupos da região. Empregam-se na pesca à linha ou como mestres ou contramestres em pequenas artes de pesca.

Quissanga. || ZOO. Dentex canariensis. A quissanga ou pargo-quissanga é um peixe perciforme da família dos Espáridas, de ambientes marinhos, com o comprimento médio de 35cm podendo atingir 1m na idade adulta mais avançada. O corpo é ovalado e achatado, de coloração rosada com reflexos prateados; a barriga é a parte mais clara do corpo; a cabeça e a barbatana caudal são de um vemelho mais carregado; apresenta uma mancha vermelha escura na parte posterior da barbatana dorsal e uma área escura nas axilas da barbatana peitoral. Atinge a maturidade sexual aos 2 anos de idade e desova entre Julho e Setembro, podendo ocorrer uma segunda em Janeiro. Habita fundos arenosos ou rochosos e varia de habitat, sazonalmente, entre a costa e as águas mais profundas. Alimenta-se de plancton enquanto jovem e de peixes, crustáceos, cafalópodes e, esporadicamente, moluscos e vermes na idade adulta. Ocorre na costa ocidental de África, do Cabo Bojador a Angola, em pequenos cardumes mas pode tornar-se solitário com o avançar da idade. É muito utilizado na alimentação e para secagem industrial. Para além da espécie descrita, ocorrem em Angola outras do mesmo género, todas em tons mais ou menos rosados: o cachucho, Dentex macrophthalmus, de todos eles o de cor mais escura, mais propriamente vermelho coralíneo, com 65cm de c.; o capatão, Dentex gibbosus, que apresenta as duas primeiras espinhas da barbatana dorsal bastante desenvolvidas e pode atingir 1m de c.; o dentão de Angola, Dentex angolensis, com 24-35cm de c. e cores mais pálidas; o dentão-austral, Dentex barnardi, com 40cm de c.; e o dentão do Congo, Dentex congoensis, com 50cm de c.

Revienga. do kimb.||1. Volteio, rodopio. ||2. Finta de corpo, movimento rápido em ziguezague, volteio rápido. Simulação (no futebol).

Sanzala. do kimb. || Aldeia rural tradicional, povoação, povoado, vila. A sanzala constrói-se a partir da cubata do soba e, regra geral, todas as outras têm a porta principal virada ao centro ou, no mínimo, evitando que as traseiras estejam voltadas para o centro. A simetria da sanzala, ou sua ausência, e a sua designação e funções, variam de povo para povo.

Sipaio. do pers.|| Polícia africano, geralmente adstrito aos Postos Administrativos ou esquadras de musseques. “Este agente pertenceu aos Serviços de Administração Civil e actuava junto da população autóctone. O cargo era desempenhado por naturais incultos. Além de fiscal, era o cipaio o serventuário de tais departamentos.” [Ribas 1:60].
Sunguilar. do kimb. || Passar o serão cavaqueando,cavaquear, seroar. Visitar algo ou alguém à noite. Tradicionalmente o serão é passado em cavaqueira amena, onde entram as histórias e adivinhas. Actualmente este verbo adquiriu, em Luanda, o sentido de dançar ou divertir-se à noite.
Tombua. de vl. SO. ||1. Termo que designa, nas línguas étnicas da região, SO de Angola, a Welwitschia mirabilis. ”Do tronco da planta transuda um líquido que, tanto em Moçâmedes como em Damaraland, os indígenas chamam «Tumbo» donde deriva o nome de «Tumboa» que Welwitsch quis dar ao género.”3 BOT. Planta descoberta pelo botânico austríaco Frederico Welwitsch no sec. XIX. “A primeira informação que deste vegetal chegou à Europa transmitiu-a o seu descobridor a Sir William Hooker, reputado homem de ciência e director dos jardins reais de Kew, em carta, escrita de Luanda, a 16 de Agosto de 1860*… Tem a Welwitschia o tronco obcónico, de cor acastanhado, que se eleva poucas polegadas acima do terreno e é na parte superior achatado, bilobado e deprimido lateralmente, atingindo por vezes catorze pés de circunferência no seu máximo desenvolvimento. Segue-se-lhe, internando-se pelo solo, uma forte raiz, que só muito para a extremidade se ramifica e se divide em radículas. Das origens dos dois lóbulos nascem duas únicas folhas, largas, rijas e persistentes, que se estendem pela superfície da terra, fendendo-se com a idade. E junto à inserção das folhas partem duas hastes ou pedúnculos sustentando pinhas escarlates, em cujas escamas se abrigam flores solitárias. A Welwitschia é curiosíssima, não apenas por invulgar, mas ainda por se apresentar sempre repetida quase exclusivamente de numerosos indivíduos da mesma espécie que dão ao terreno um aspecto especial deveras interessante… A Welwitschia não existe, porém, sòmente no Distrito de Moçâmedes. Também em Damaraland, na antiga África do Sudoeste Alemã, se vê medrar este interessante vegetal…”3
||2. top. Cidade e o maior porto de pesca de Angola, denominados Porto Alexandre até 1975, da Província do Namibe.

Trumuno. do kimb.||1. Finta, simulação (no futebol). ||2. p.ext. Jogo de futebol renhido, disputado com ardor.

Tuji-ni-masu./ss/ kimb. || Merda-e-mijo.

Tunga. do kimb.|| Barrote, madeira, pau.

Vapor. || Antigo navio movido a vapor destinado ao transporte de pessoas e mercadorias entre Portugal e as Colónias. p.ext. Qualquer navio.

Xingamento. do kimb. || Acção ou efeito de xingar. Injúria, insulto, ofensa.

Xingar. do kimb.|| Descompor, injuriar, insultar, ofender com palavras.

Xipala. do umb. || Cara, face, rosto.




imagens

Escola do Bota p’à Mula, Póvoa de Varzim. http://alarriba.blogspot.pt/2009/03/aver-o-mar.html, ac. 07.07.2015.
Navio Cuanza. http://navios.no.sapo.pt/quanza.html, ac. 05.07.2015.
Quissanga. http://www.fao.org/fishery/species/2374/en, ac. 09.07.2015.










última actualização: 10.07.2015.



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